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terça-feira, 17 de julho de 2012

Aconteciments no ano de 1914-2ºparte

  • Governo de Bernardino Machado
Na sequência da demissão do gabinete de Afonso Costa, o presidente Arriaga tem que encontrar uma nova solução. Porque Afonso Costa continuava a ser o chefe do partido da maioria, era preciso encontrar um nome que não corresse o risco de ser chumbado na Câmara dos Deputados.

O presidente Arriaga lembra-se de Bernardino Machado que regressara a Lisboa vindo do Rio de Janeiro onde exercera as funções de embaixador, esperando que ele apresentasse um governo mais abrangente, aberto a todos os republicanos, um governo de reconciliação nacional.

Bernardino, primeiro, tentou chamar para o governo os republicanos históricos do Porto, convidando Basílio Teles, Alves da Veiga, Guerra Junqueiro e Paulo Falcão, mas todos recusaram.

Acabou por ter a seguinte constituição
  • Bernardino Machado (Presidente, Interior e Negócios Estrangeiros),
  • Sobral Cid (Instrução Pública),
  • Lisboa de Lima (Colónias),
  • Tomás Cabreira (Finanças),
  • Pereira de Eça (Guerra),
  • Augusto Eduardo Neuparth (Marinha),
  • Manuel Monteiro (Justiça) e
  • Aquiles Gonçalves Fernandes (Fomento).

Apresentação parlamentar do novo governo. Promete revisão da Lei da Separação e ampla amnistia, embora deixando de fora os lideres monárquicos, falando em congraçamento da família portuguesa e dizendo não ao sectarismo.

Com o apoio formal dos democráticos, aberta oposição dos evolucionistas e expectativa benévola dos 17 deputados unionistas.

Os evolucionistas justificam a oposição dizendo que no gabinete há três ministros democráticos, uma agremiação que fomentou a desordem, o tumulto, a guerra civil entre os portugueses e que agasalhou e incitou espiões miseráveis que vitimaram inocentes e desgraçaram famílias inteiras.

  • Congresso Operário de Tomar

Realiza-se em Tomar o Congresso Operário, que decorrerá de 14 a 17 de Março. A ideia de realização de um congresso tinha sido lançada pela federação das associações operárias de Lisboa (socialista).

A sua comissão organizadora tinha como secretário Mário Nogueira. Nesta assembleia foi criada a União Operária Nacional (UON) que substitui a Federação Operária.

Trata-se da "fusão das duas correntes (reformista e sindicalista)", e marcaria um importante avanço a nível organizativo.

Muito embora os sindicalistas sejam elementos muito activos e a ganhar apoios, este congresso ainda se pauta pela tentativa de manutenção de uma frente unida.

O congresso de Tomar esteve logo na primeira sessão à beira de uma ruptura, causada pela questão dos 7 delegados socialistas que não eram assalariados nem sindicalizados. Resolvida esta divergência, pela atribuição de voto deliberativo àqueles delegados, uma outra polémica surge em torno da discussão dos Estatutos, nomeadamente do artigo 32.º, em que se estatuía que se algum membro do Conselho Central fosse investido de um mandato político, teria que renunciar ao seu lugar neste órgão operário.

Depois de uma acesa discussão, a sua redacção definitiva acabou por incorporar o alvitre socialista, ficando nestes termos: "Uma vez que qualquer membro do Conselho Central seja investido dum mandato político da confiança do Governo não poderá fazer parte deste mesmo Conselho".

A inclusão da expressão "da confiança do Governo" representa uma cedência ao reformismo e àqueles que defendiam a acção eleitoral e parlamentar. Os sindicalistas de matriz anarquista ou revolucionária negavam qualquer relação de proximidade com o poder político.

No parecer da comissão que tratou este assunto ficou registada a tentativa de harmonizar vontades, para não dar um "espectáculo fratricida". Tomar significou talvez a última tentativa de entendimento entre os "reformistas" e os "revolucionários" , apesar do predomínio sindicalista, para obstar à divisão das forças e à "confusão" organizativa.

Fonte: Fundação Mário Soares