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domingo, 27 de fevereiro de 2011

Acontecimento no ano de 1912-1ºparte

  • Distúrbios anti.clericais

Na sequência da crescente crispação nas relações entre o Estado e a igreja católica, o bispo do Algarve, D. António Barbosa Leão, é condenado a dois anos de suspensão da respectiva diocese. Ao mesmo tempo que os Bispos de Coimbra e Viseu são proibidos de residir por dois anos, nos respectivos distritos, perdendo todos os seus benefícios materiais e uma manifestação anti clerical em Lisboa, promovida pela Associação do Registo Civil, de apoio à Lei de Separação, com bandeiras onde podia ler-se Sem Deus nem Religião.

Uma delegação dos manifestantes, dirigida por Magalhães Lima, é recebida por Augusto de Vasconcelos, o Papa de Roma é apenas o chefe do sindicato católico universal e não pode ser considerado como um soberano.

Desde 1911 quando foi dada a conhecer a "Pastoral do Episcopado Português", em que se afirma desacordo com a referida Lei de Separação.

Os governadores civis proíbem a leitura dessa pastoral e, por desobediência a essa proibição, são presos também dezenas de párocos. E o próprio bispo do Porto foi preso e levado, sob custódia, a Lisboa. Sempre afirmando a determinação apostólica, D. António Barroso conhecerá depois o exílio, de onde só voltará em 1914, para, afinal, voltar a ser exilado em 1917.

  • Demissão do ministro das Colónias
Demite-se o ministro das Colónias, José Freitas Ribeiro, sendo substituído interinamente pelo ministro da justiça, António Caetano Macieira Júnior.

Esta crise governamental foi motivada pela questão do Caminho de Ferro de Luanda a Ambaca.

A Companhia dos Caminhos de Ferro através de África, conhecida por Companhia de Ambaca (Angola, Cuanza Norte), era acusada de não ter cumprido os prazos e condições de construção do referido caminho de ferro, ao mesmo tempo que acusava o Estado de não ter cumprido os termos contratuais, tendo o ministro Freitas Ribeiro querido apurar esse contencioso financeiro, mandando proceder ao ajuste de contas entre as duas entidades, para o que nomeara o governador civil do Porto, José Maria de Sá Fernandes, mandatado para assinar, em nome do ministro das colónias, o compromisso com a Companhia de Ambaca medida esta revogada quando da demissão do ministro, por não ter sido decidida em Conselho de Ministros, nem ter sido previamente ouvido o ministro das Finanças, Sidónio Pais.

O partido evolucionista levou ao Parlamento a questão de Ambaca.

  • Greve geral e estado de sítio em Lisboa
Em solidariedade cm a luta dos trabalhadores rurais do Alentejo. Esta greve foi marcada pela Associação Anarco-Sindicalista, foi brutalmente reprimida pelas forças policiais, que encerraram todas as sedes sindicais.

O governo decretou o estado de sítio em Lisboa que durará até 12 de Fevereiro.

Foram presos mais de 620 sindicalistas, muitos deles enviados para bordo da fragata "D. Fernando" e do transporte "Pero d'Alenquer".

Verificou-se, então, o assalto à União de Sindicatos (Casa Sindical) por forças militares, juntamente com carbonários. Verificaram-se manifestações anti-grevistas.

Em carta dirigida a João Chagas, o Presidente do Ministério, Augusto de Vasconcelos afirma: a greve geral "deu-me horas de incerteza e de inquietação, mas foi boa porque permitiu realizar uma limpeza que doutra forma não se realizaria.

Tirámos setecentas e tantas bombas a essa cambada da Carbonária que ficou quase completamente desarmada. E agora se se fizerem finos, tareia para cima..."

Em Lisboa, depois da suspensão das garantias são presas personalidade consideradas comprometidas com este movimento de entre as quais José de Azevedo Castelo Branco (antigo Ministro da Monarquia). Defendia-se que o movimento fora sustentado por dinheiro dos "reaccionários monárquicos".


Fontes-Fundação Mário Soares
(www.iscsp.utl.pt).

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